O Regresso de Gallifrey

13-09-2015 12:39

Com o primeiro episódio da nona temporada aí ao virar da esquina, está na altura de falar de coisas sérias. O regresso do planeta dos Time Lords é uma espécie de tabu entre os fãs: muita gente quer que aconteça, muita gente quer que não aconteça, mas todos são unânimes em não falar demasiado sobre o assunto.

A verdade é que é uma ideia assustadora, e tão revolucionária para o programa como o foi a introdução da Time War, por Russel T. Davies, e a do War Doctor, durante o especial de aniversário, pela mão de Steven Moffat. Está plantada a semente desde que treze encarnações do Doctor uniram as suas Tardis num esforço para salvar o planeta, enviando-o para uma espécie de dimensão paralela, congelado no tempo.

Evitou-se a sua destruição, já o sabemos, e são eles que têm tentado passar para o nosso universo pelas cracks in time. Conseguiram enviar um novo ciclo de regenerações ao Eleventh Doctor, em The Time of the Doctor, e houve pelo menos um Time Lord, perdão, uma Time Lady, a conseguir fugir: Missy.

O que algumas pessoas não repararam é que já vimos Gallifrey na oitava temporada, mais especificamente em Listen. Durante as viagens guiadas pelos circuitos telepáticos da Tardis, o Doctor e Clara aterraram num antigo e familiar celeiro, onde uma criança dormia, amedrontada. Essa criança era o Doctor, um jovem First Doctor, e deu origem a um ciclo moffatiano, com Clara a recitar-lhe palavras que ouviu da boca do Twelfth Doctor.

As dicas e as pistas estão lá todas. O regresso está iminente e vai acontecer, quer queiramos quer não. Falta perceber o que é que isso significa, e para isso podemos olhar um pouco para a relação dos vários Doctors com Gallifrey.

Para o First Doctor essa relação é quase inexistente: tirando os especiais de aniversário, nunca chega a interagir com o seu planeta, tem apenas algumas memórias, e trata-o como pouco mais do que o sítio onde nasceu. Com o Second Doctor passa-se exactamente a mesma coisa até à sua última história, The War Games, em que se vê envolvido numa situação tão complicada que tem de recorrer aos Time Lords, que no final o castigam, obrigando-o a regenerar e a viver exilado na Terra.

Como tal, o Third Doctor não é grande fã dos Time Lords, embora aceite as suas missões sem refilar demasiado. Nota-se um certo respeito. Os Doctors seguintes até ao Eighth têm uma relação muito mais aberta com Gallifrey, que passa a ser uma parte muito mais integral da série.

O War Doctor, embora só o venhamos a saber depois, é quem carrega no botão e destrói Gallifrey, juntamente com os Daleks, para acabar com a Time War. O Ninth sofre fortemente com essa decisão, o Tenth também, e o Eleventh esforça-se ao máximo para a esquecer, mas como vemos em The Day of The Doctor, estes dois últimos têm esse dia bem presente.

Nesta altura o Doctor já só quer regressar a casa. Basta ver o seu sofrimento no final de Death in Heaven, quando descobre que Missy o enganou quanto à localização de Gallifrey. Poucas vezes o vimos tão abatido, a sofrer uma quebra tão grande, como naquele momento em que está à espera de encontrar o seu planeta natal e encontra apenas a vastidão do espaço.

A minha teoria é que tudo vai depender de como Moffat encarar a evolução dos Time Lords durante o seu tempo congelados. Será que enlouqueceram? Será que dão conta de estarem presos no tempo? Será que tiveram tempo suficiente para pensar na vida e estão ultra-bondosos e nunca mais vão dar problemas? Ou será que não conseguiram dominar as várias facções no planeta, e vão regressar com desejos de vingança?

Não sei. Mas o Twelfth Doctor não vai deixar que nada o impeça de conseguir trazer Gallifrey de volta, e por muito que as pessoas critiquem, eu mal posso esperar para que isso aconteça. Será uma apoteose fantástica que irá ditar uma nova era do programa!

Artigo da autoria de Rui Bastos, membro da equipa Whoniverso