Potterwhovian

Ainda antes de gostar de Doctor Who já tinha o meu fascínio por outras séries, e filmes, e livros. Uma das honradas é a saga Harry Potter, a qual, independentemente do que disserem, apareceu ao longo do meu crescimento e entranhou-se como quem não quer a coisa. E de certeza que não sou caso único!

Qual não foi o meu espanto quando vi que Doctor Who e Harry Potter (HP) partilham um grande número de actores (e até algumas situações).

É verdade que sendo dois eventos britânicos a sobreposição seria natural, mas mais do que isso: como já vi mais do que uma vez na internet, eles só têm dez actores, quando precisam de mais misturam-nos. Não é muito mentira, senão vejamos.

As pessoas que participam num e noutro são imensas. Começar pelo mais óbvio talvez? David Tennant é Barty Crouch Junior em HP. Essa é impossível de falhar. Aliás, quando mostro DW a alguém é raro o caso que passado uns tempos não me vêm dizer se eu sabia que aquele tipo também entrava em HP.

E não esquecer que o pai, Barty Crouch – agora sem Júnior – também deu uma perninha em DW como John Lumic, o criador dos Cybermen.

Mas talvez o primeiro momento em que nos apercebemos disto é com uma personagem bizarra: Cassandra! O último espécimen da raça humana, que depois não é mais do que uma pele muito esticadinha e cujos olhos e boca, mas essencialmente a voz, nos mostra a Madame Hooch. Está um bocadinho diferente, mas é ela.

Não é a única com visual diferente num e noutro, porque o adorável Dobby tem a voz de Toby Jones, que se bem se lembram fez um belo episódio em DW como Dream Lord.

Temos a Murta Queixosa que participou num daqueles episódios que ninguém sabe explicar o porquê de existirem: Love & Monsters, com o Abzorbaloff? Pois… A Moaning Myrtle é a moça que fica aprisionada num mosaico. Essa mesma!

Michael Gambon, ou Albus Dumbledore, entra no especial de natal, qual Ebenezer Scrooge, A Christmas Carol. Uma personagem bem mais rezingona do que o simpático professor de Hogwarts.

O tão odiado Filch é alguém muito especial no mundo de Doctor Who. David Bradley deu voz a uma espécie daquelas estranhas: Shansheeth – assim, aquelas coisas com ar de abutre, apareeu como Solomon em Dinossaurs on a Spaceship (aqui mais a dar para os ares do Filch) e depois é um substituto perfeito para William Hartnell. Quem viu o especial viu o papel brilhante que fez, a caracterização certa para o personagem que era. Não sei até que ponto quererão aproveitar mais alguma vez esta personagem mas se há substituto certo para o primeiro Doctor, cheira-me que é este.

Arthur Weasley é o pai do Rory, essa também é das díficies de não reparar, e embora aqui não se questione em relação à função de um patinho de borracha mantém uma postura simpática e meio aluada na mesma. Não fosse ele pai do Rory...

E já que falamos em pais aproveitemos a dica para passar para o Pai do próprio Harry Potter. James Potter entra no episódio Planet of the Ood, como Dr. Ryder a tentar ajudar a salvar os Ood.

Narcissa Malfoy, mãe do arquinimigo do Harry, entra em The Vampires of Venice como rainha. Quase não parece ela, mas é.

Bill Nighty é o ministro Rufus Scrimgeour em HP e depois é um entendido em Van Gogh num episódio que muitos não conseguem esquecer.

E não se pense que isto só acontece nestas novas temporadas, pós 2005. Também antes tivemos participações de pessoas que mais tarde voltaríamos a ver em Harry Potter. Veja-se o caso do Professor Slughorn que teve uma aparição como um possível Doctor do futuro, ou o próprio Nick Quase Sem Cabeça, pelo brilhante John Cleese, que também já apareceu brevemente num episódio de DW.

Derek Deadman foi o feliz proprietário do Leaky Cauldron em HP e chegou a ser também um Comandante Sontaran. Já a Dama Gorda que dá, ou não, passagem aos alunos para o dormitório de Gryffindor, também teve uma aparição na série antiga como Tabby, em Paradise Towers.

O pai de Cedric Diggory, que morre no quarto livro/filme da saga, Amos Diggory, também ele entra em DW, como Plantagenet em Frontios, e com uma perninha em The Sarah Janes Adventures como Mr. Harding.

E há outros. Personagens menores, num e noutro, mas que fariam a lista continuar por mais umas valentes linhas. E mesmo quando não são ligações directas, podemos ver outro tipo de relações.

Lembram-se de Dudley Dursley, o primo mimado e irritante do Harry? Pois que é neto do segundo Doctor, Patrick Throughton. E Dean Thomas é na realidade filho do Ian Chesterton, um dos primeiros companions do Doctor na sua fase William Hartnell.

Enfim, acho que a lista está bem composta, e talvez já os conhecessem a todos, talvez me tenha esquecido de algum, mas a lista já vai grande e acho que apanhei todos os principais.

E agora até há quem queira substituir Peter Capaldi por Emma Watson, também conhecida por Hermione Granger. Será que a próxima regeneração do Doctor vem num corpo já tão conhecido? Vamos esperar, tudo indica que não falte muito.  

Claro que os cruzamentos entre séries e filmes podiam ser com muitas outras, todos sabemos de alguns exemplos, mais que não seja a mais recente Game of Thrones. Mas com esta dimensão, Harry Potter e Doctor Who parecem-me ser as que se sobrepõem mais.

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso