Sleep no More - Review

17-11-2015 19:00

Voltamos a mais um episódio de Mark Gatiss. Depois de Robot of Sherwood temos o reencontro com este Sleep no More (o “no more” agora soa sempre tão sugestivo...).

Agora, tenho de começar por dizer que depois de ver este episódio fiquei muito confusa. Com tanta coisa estranha a acontecer eu não sei se percebi metade do que se passou naquele episódio. Foi um episódio engraçado, sim, mas o que é que se passou ali, mesmo?

Estamos a bordo de uma nave, La Verrier Station, do século XXXVIII, que se a início parece vazia, quando encontrada pela equipa de salvamento, rapidamente encontram não só o Doctor e a Clara (desta vez como engenheiros e tudo), mas também um homem e uns bichos muito estranhos que se desfazem em areia – Sandman!

E aqui uma pessoa leva de rajada com três ou quatro coisas que causam surpresa: vamos ter um narrador para o episódio, ideia que me parece muito bem e que funciona de forma bastante curiosa; vemos o que se passa pelos olhos das personagens, o que implica que grande parte do episódio temos as personagens a olhar directamente para nós; e, em cima disso, começam-nos a falar de um Morpheus.

Até a Clara sabia quem Morpheus era (com ela própria a fazer o gesto de “sim, não sou só uma carinha bonita”) mas neste contexto ganha proporções interessantes. As máquinas Morpheus permitem que com apenas cinco minutos de sono se consiga aguentar um mês sem dormir. Loucura? Sim. Mas lá que às vezes dava jeito, isso vou ter de dar o braço a torcer. O mal é que o processo tornou-se mortífero e basicamente aquilo que nos dizem é que as ramelas se agregaram e formaram bichos que nos querem matar. Eu aqui comecei a desacreditar um bocadinho este episódio, e acho que não devo ser a única.

Todo o episódio é uma espécie de montagem para nos dar a conhecer o que se passou e as imagens que vemos são as que foram recolhidas, exactamente através dos olhos das pessoas que entraram alguma vez dentro de uma das máquinas Morpheus. Isso o que consegue é dar um ar muito Cloverfield ao episódio. É estranho ver um episódio de Doctor Who nesta perspectiva, quase como uma filmagem amadora, com a diferença de ser numa estação espacial, e em vez de câmaras usa-se directamente olhos. Acaba por ser interessante, ao mesmo tempo, porque temos uma visão mais directa do episódio, quase como se estivéssemos lá também.

E há algumas falhas no plot que me fizeram alguma comichão, porque a Clara a certa altura é “puxada” para dentro de uma Morpheus mas o Doctor estava ao lado dela, quase a olhar para ela, mas não viu nada, não se apercebeu de nada… E mesmo durante o episódio o próprio Doctor vai dizendo que muitas das coisas não fazem sentido. O que é que se está mesmo a passar ali? Não sei...

O Doctor chega mesmo a dizer-nos que tudo aquilo é como se fosse uma história. E no fim, é!

Chegamos ao ponto em que Rasmussen, o criador das Morpheus e quem nos estava a narrar o episódio, nos diz que o processo Morpheus estava no vídeo que acabámos de ver, e portanto todos nós caímos na cilada dele e estamos “infectados” com o que quer que seja que ele nos queria fazer.

Verdade seja dita, que vê-lo a falar connosco no vídeo, a dizer que agora vamos ser nós os infectados, enquanto coça um olho e este se desfaz em areia… E ele continua a falar connosco, com um buraco em vez de olho, como se nada fosse. (A história do vídeo até me fez lembrar os Silence, fiquei com saudades desses monstros que foram uns dos melhores em DW).

Portanto, fio da história? Muito pouco se é que há algum. O que vimos foi um vídeo completamente manipulado? Ou aquelas coisas aconteceram? Estamos infectados, mas infetados com o quê? Qual é/foi o papel do Doctor no meio daquilo tudo? Eu fiquei com muito mais dúvidas do que certezas.

O episódio em si foi interessante, estranho e experimental, mas confuso e pouco coerente em várias situações. Agora a quem é que atribuímos culpa? Ao autor do vídeo ou ao autor do episódio? Não sei bem...

 

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso