The Woman Who Lived - Review

27-10-2015 13:39

Chegámos ao sexto episódio e já estava na altura de começar a descambar, não era? Os episódios têm sido interessantes, deixam-nos de uma semana para outro num suspenso que depois nos maravilha. E agora tivemos este episódio.

Já sabíamos que ia continuar a história que nos contaram a semana passada, com a imortalidade de Ashildr a ser o foco de tudo, não podíamos falhar por muito. Mas o contexto geral de todo o episódio é muito estranho, aleatório e sem grande interesse. O que é uma pena, porque o potencial era mais do que muito.

Começamos com um assalto dum mascarado de voz masculina e funda, mas com um corpo que já conhecemos ao longe. E quem é que se há-de meter no meio do assalto? Ninguém menos do que um Doctor muito destrambelhado e curioso.

Conversa puxa conversa e chegamos a um dos momentos que já nos tinham intrigado: “What took you so long, old man?”.

E começa o reencontro, com o ponto mais alto, e um dos mais interessantes do episódio (e que mesmo assim é apenas meh) a ser o recordar do rol de situações que uma rapariga imortal consegue viver ao longo dos tempos. Pelos vistos até a Guerra dos Cem anos teve dedo dela.

Vamos conhecendo aos poucos a vida que a moça levou, as guerras que travou, as vitórias que conseguiu, as pessoas que matou e tudo o que viveu e já esqueceu, ou tenta. Mantém os seus diários com as notas do que se passou e é nelas que o Doctor vai buscar mais informação do que consegue da própria.

A evolução da personagem perdida e sonhadora que apanhámos em The Girl Who Died perdeu-se completamente, temos algum muito mais desenvolvido e calejado pelo tempo que viveu. E é assim que uma personagem interessante se perde. O que fizeram foi não nos mostrar a parte mais interessante do desenvolvimento da personagem, mas sim os momentos antes de ser interessante e os momentos depois de ser interessante.

O ver das dificuldades que a “benção” que o Doctor lhe deu é sempre um contraste interessante, mas sinceramente já foi feito umas poucas de vezes, directamente no Doctor ou no próprio Captain Jack. E sejamos sinceros, de forma muito mais forte e interessante. Ainda pior quando se compara Ashildr (que já não se lembra do nome e responde por Me) a River Song, uma personagem da qual também não conhecemos os momentos intermédios, e que é infinitamente mais interessante.

Claro que nem tudo é mau: pela primeira vez aparece a noção de “vida imortal com memória normal”, que faz com que Ashildr não se lembre de muitas das suas vidas passadas. É um conceito fascinante, mas não coerente, já que o problema nunca se pôs com o Captain Jack.

E abrir um portal no meio da pequena aldeia que começa a ser atacada rapidamente por naves extraterrestres que só querem chatear e que mostram que afinal a moça não perdeu a sua humanidade e então gasta o seu chip de imortalidade num tipo condenado à morte. A aleatoriedade disto tudo não pode estar só em mim, pois não? Ah, e não esquecer o “vilão”, com aspecto de leão, nome que soa a leão, e que vem de um planeta com nome que soa a leão. Se bem que eu já esqueci, porque enfim.

Agora a base do episódio é fraca, o tal monstro que é inserido perde-se no meio de tudo o resto, a dinâmica de mostrar mais uma vez os problemas da imortalidade não pega e no fim isto fica um episódio confuso, cheio de coisas que não fazem sentido em ritmo nem em contexto.

Agora pontos importantes a referir: voltaram os Sonic Glasses, goste-se ou não deles mas parece que estão para ficar; a Clara só aparece mesmo no fim, desta vez, e não é que só dei pela falta dela quando falaram dela? Começa a não ser uma parte importante e relevante dos episódios como outras companions conseguiram ser, é um extra, vá. Por outro lado, já começa a chatear a forma pesadíssima como a o trágico destino que a espera está a ser previsto.

Mas resumindo, num episódio em que até temos um Doctor a galopar freneticamente, um Doctor a tocar guitarra na TARDIS como quem não quer a coisa e até um Doctor fofinho que já não foge dos abraços da Clara, isto não pega.

Já o próximo tem imenso potencial, com Osgood, e Zygons, o que me cheira que não há-de falhar muito. E esperemos bem que não, para nos esquecermos um bocadinho do que fizeram neste...

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso