Vida de fã

28-06-2015 12:02

Doctor Who já pode ter – e vamos ser sinceros, de certeza que já existe algures disto! - autocolantes que digam “Doctor Who não é uma série... É uma escolha de vida!”. Não é só Doctor Who, claro, mas ao fim de mais de 50 anos há fãs incondicionais, espalhados por todo o mundo e de todos os tipos que se possam imaginar.

O que me lembrei de falar um bocado é exactamente o que é o trabalho de um fã? Ou melhor, quais são as várias valências que os fãs conseguem atingir? Porque sejamos sinceros: há muitas formas de demonstrar o nosso carinho/admiração/fascínio/obcessão por estas coisas todas mas de que maneira é que as várias pessoas o demonstram?

 

Temos o mítico cosplay. Grupos de fãs são sempre facilmente identificáveis pelo que vestem, e neste caso não são só acessórios ou referências algures: é a encarnação directa de uma dada personagem. Há verdadeiras obras de arte neste pelouro! Seja qualquer um dos Doctors – e parecendo que não, já há 13 – ou uma River, uma TARDIS (forma humana ou não), uma Rose, uma Amy ou mesmo um Silence, um Slitheen ou uma batata, perdão, um Sontaran.

Há pessoal muito talentoso a fazer e a usar fatos maravilhosos e a mostrar ao mundo o seu orgulho whovian. Agora, isto é óptimo para nos identificarmos: aqui há tempos quando dei de caras com um “Tennant” a minha reacção foi ficar de boca aberta a olhar e a pensar: “Sou compreendida!“.

 

Mas há quem não ache muita piada a imitar integralmente uma personagem, preferem manter a sua postura humana e mostrar com outros detalhes para onde pende o seu coração de fã. Aqui há de tudo, desde relógios, carteiras, bowties, camisolas, cachecóis, chapéus, até tatuagens. Não é vestir a pele de ninguém, mas é roubar-lhe alguns dos pormenores que mais gostamos. E há alguns que não conseguimos resistir de uma maneira geral: ninguém resiste a uma sonicscrewdriver ou a qualquer coisa em forma de TARDIS!

Mas não é tudo, há realmente pessoal mais discreto ainda que pode ou não fazer parte dos outros grupos mas que são mais virados para leituras e escritos.

 

Todos os livros de e sobre Doctor Who já foram devorados ou estão a tratar disso agora! Todas as histórias e meandros mais do que retorcidos, aquelas coisas que ninguém conhece em lado nenhum porque apareceu num programa audio algures no tempo e eles sabem dele. É fascinante a grandiosidade a que esta série chegou e muito poucos serão aqueles que realmente conhecem tudo, ou sequer sabem da existência de tudo. Mas há sempre alguns, e depois eles transmitem o conhecimento – às vezes!

Para além de ler e ouvir também se pode escrever. Toda a gente que pertence a algum tipo de grupo de fãs, do que quer que seja, sabe que ela existe, sem limites possíveis nem imaginários.

 

Alguém gostava imenso que a River e o Doctor fossem passear até Portugal, comer uns travesseiros de Sintra e dar uns mergulhos no Algarve: fácil! Vamos escrever isso! Ok, é menos legítimo do que Doctor Who a sério mas fanfiction tem uma boa legião de seguidores. Por vezes os criadores não nos querem dar o que pretendemos, e há quem o faça “acontecer” por nós.

Pessoal contra, pessoal a favor, é normal, mas acaba por ser uma parcela grandinha de pessoas que alimentam este muito – e vá, não são só textos, imagens, vídeos e afins acontecem em todo o lado e mais alguma com tudo o que possamos imaginar.

 

No fundo, os fãs são quem dão a dimensão real a qualquer série, ou filme, ou o que quer que seja. Cada vez mais se nota que temos de ser bem tratados, que sendo nós o alvo têm de nos “saber levar”. A nossa importância nota-se num crescendo e até já temos uma representante em Doctor Who. Quantos de nós não dariam a sua própria screwdriver para estar na pele da Osgood? Mas é um começo!

 

Mas nós gostamos mesmo destas coisas, e vamos continuar a fazê-las, e a divulgá-las. Certo?

 

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso