Dez anos e muito a dizer!

29-03-2015 18:31

Com todas as celebrações que têm acontecido pelos dez anos do retorno da série – e menos do que aquelas que gostaríamos de ter - muita coisa acaba por aparecer. Em dez anos já vimos muita coisa e as saudades já se fazem sentir.

Vídeos, entrevistas, imagens marcantes, falas que nunca mais conseguimos esquecer, enfim, em apenas dez anos – para muita gente é a extensão de Doctor Who que conhecem – já temos muito que contar e muitas situações que não nos saem da memória.

Mas sem dúvida que um dos pontos fortes desta série tem muito a ver com o argumento. Russell T. Davies trouxe de volta a série de forma brilhante e Steven Moffat foi um bom seguidor dos seus passos. Claro que como bons fãs acabamos por adoptar uma boa parte daquilo que foi dito na série para o nosso dia a dia. Não o tentemos negar, encaremos as coisas como elas são: muitos dos nossos amigos não percebem o que dizemos, os que percebem já podem estar fartos de nos ouvir mas o certo é que não utilizar quotes de Doctor Who não faz sentido. Elas são perfeitas!

 

 

Há de tudo um pouco, goste-se mais de situações românticas (a correr bem ou a correr mal), amizades fortes, situações sem pés nem cabeça ou ditos mais sérios e profundos. Devo antes de começar avisar que isto é um jogo muito perigoso: eu decoro episódios inteiros, eu sou ridiculamente apegada às quotes desta série. Ficam desde já avisados que não me posso responsabilizar completamente pelo que se passará nas próximas linhas.

Quem é que fica indiferente ao “And I suppose... If it's the last chance to say it... Rose Tyler...” ? Estas últimas reticências dão cabo do coração mais ressequido que possa existir. A Rose conseguiu ter momentos fortes desde o início, para entrar logo a matar:

 

 

“Rose, before I go, I just want to tell you: you were fantastic. Absolutely fantastic. And you know what? So was I”

 

Se bem que em despedidas nunca nos dão pouco trabalho. Não nos chegava ficarmos sem alguém que nos é querido que ainda têm de espetar o dedo na ferida. Que dizem?

 

 

“I don't want to go!”

 

A regeneração do Tennant depois das visitas aos amigos todos ainda doi mais. Um grande actor que põe ali muita emoção.

 

 

“I will always remember when the Doctor was me.”

 

Aqui não fizeram um apanhado tão grande de memórias mas trazerem a Amy para nos moer mais um bocadinho, o tirar da Bow Tie... Steven Moffat, nós no fundo odiamo-lo todos.

De Peter Capaldi ainda não temos regeneração mas logo na aparição, com os seus olhos de coruja bem abertos não pode deixar de lançar uma primeira palavra, estranha como todas as coisas estranhas que acontecem nas regenerações:

 

 

“Kidneys!”

 

Durante uns bons tempos falou-se que seria a grande frase deste Doctor, a par do mítico “Fantastic!”, o maravilhoso “Allons-y!” ou do divertido “Geronimo!”. Sinceramente, ao fim de uma temporada acho que ainda não tem propriamente uma frase completamente dele.

Voltou a hábitos antigos, dos tempos do seu primeiro corpo com o “Do as you're told!” e tem a brilhante deixa de “I'm Doctor Idiot!” mas tirando isso ainda temos de esperar por mais desenvolvimentos.

Deixando directamente o Doctor e indo pegar em momentos de flirt / picanço entre o Doctor e a River temos pano para mangas. A Mrs. Robinson é protagonista de imensas cenas muito divertidas, cheias de Spoilers e frases que não podem ser esquecidas. Mais que não seja é uma das personagens que mais directamente ataca o Doctor: “You've got a screwdriver, go built a cabinet!”.

Mas claro que sendo ela quem é tem momentos complicados de lidar:

 

 

“Shut up! I can't let you die without knowing you are loved, by so many and so much. And by no one more than me.”.

 

Eu não vou dizer mais nada sobre isto para me poupar a gastar uma embalagem de lenços.

Sabemos também que o Doctor não deve andar sozinho, ele precisa de ter alguém que o acompanha, às vezes tem é de ter cuidado com a maneira como diz as coisas porque depois arrisca-se a ouvir do que não quer: “You're not mating with me sunshine”. Ah, Donna, a dinâmica dela com o Tennant era qualquer coisa de extraordinário e saíram dali imensas coisas que não nos conseguimos – nem queremos – esquecer.

E até os inimigos têm coisas engraçadas a dizer. Nunca me esqueço das conversas entre Daleks e Cybermen:

 

 

Dalek: “We could destroy you with one Dalek. You're only better in one thing!”

Cyberman: “What is that?” 

Dalek: “You're better at dying.”     

 

E há que reconhecer que não são só os Dalek que conseguem mandar umas bocas bem mandadas: Dalek: “Daleks have no concept of elegance.”

Cyberman: “That is obvious”

 

Doctor Who consegue ser interessante, romântico, divertido, inteligente e tantas outras coisas juntas que por vezes é difícil conciliá-las a todas. Nenhum psicólogo consegue animar alguém de forma tão certa: “In 900 years of time and space, I’ve never met anyone who wasn’t important”, nenhum amante conseguirá bater o “I'm burning up a sun, just to say goodbye” nem nenhum louco conseguirá ultrapassar o “Do what I do. Hold tight and pretend it’s a plan!”.

Percebemos lá pelo meio o grande motivo de haver tantos companions, não é para não se sentir sozinho ou para partilhar experiências com outros:

 

“I'm being extremelly clever up here and there's no one to stand around looking impressed. What's the point of having you all?”

 

Doctor Who até serve para descobrirmos a nossa vocação para a vida. A mim foi o que aconteceu, descobri que quero ser ermita para o resto da minha vida, especialmente para me juntar ao grupo do Doctor:

 

 

“Hermits United! We meet up every ten years. Swap stories about caves. It's good fun... for a hermit!”

 

Eu não posso dizer o quanto eu já me ri com esta história dos hermits united, ainda por cima num episódio interessante como é o Utopia.

E mais que não seja acabamos por nos identificar com muitos dos males do Doctor. Quantos e nós é que nunca ouviu:

 

“Has anyone ever told you you're a bit weird?”

“They never really stop!”

 

Andamos por aí todos muito contentes a cumprimentar pessoas com um “Hello Sweetie!”, a usar quanquer pretexto para um “Run for your life!” ou um “Allons-Y!”, não nos fartamos de dizer que “Bow ties are cool!” ou que “Always take a banana to a party, Rose: bananas are good!”. Não vemos uma estátua sem nos virarmos para a pessoa mais próxima – conhecida ou não – e: “Don’t blink. Don’t even blink. Blink and you’re dead. They are fast. Faster than you can believe. Don’t turn your back, don’t look away, and DON’T blink. ”.

Nós adoramos tudo isto. Continuaremos a adorar, tanto o Doctor como os companions como as aventuras completamente bizarras em que se metem. Mas no fundo nós não conseguimos resistir a este que será sempre o mesmo:

 

 

“I'm not a hero! I am just a madman with a box!”

 

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso