Falhas Inimigas!

15-03-2015 15:52

O Doctor é e sempre foi um lutador. Não o vemos sossegado por um segundo que seja, nem À noite enquanto os seus companheiros humanos precisam de dormir este sossega – a River é que aproveitou bem estes momentos. E no meio de tantas viagens é sempre certo que pára onde alguém precisa de ajuda. Seja porque a TARDIS decide, seja por chamamento o Doctor aparece e começa a trabalhar no problema, seja ele qual for.

 


 

Já o vimos a combater de tudo, todos os monstros e mais alguns, terráqueos ou alienígenas, grandes ou pequenos, bonitos ou feios. De uma forma geral o que têm em comum é uma boa dose de planos de domínio universal, mais ou menos bem pensados, e uma antipatia natural pelo Doctor por nunca os deixar seguir para a frente da maneira que queriam.

Mas se olharmos para os inimigos que tem vindo a combater, e para a evolução destes ao longo das aparições, também podemos ver que às vezes têm características ligeiramente palermas, digamos. Não digo que mesmo com esses pormenores não sejam criaturas assustadoras, maléficas e fortes mas lá que dá para nos rirmos um bocado, lá isso dá.

 


 

Comecemos pelo início. Os primeiros grandes inimigos a aparecer foram os Dalek e quem só viu as séries recentes talvez não tenha a ideia completa de como  foram apresentados e quais os problemas que foram tendo. Os Dalek precisavam eram alimentados à base de electricidade estática fornecida pelo chão. Resultado? Bastava sair daquele chão metálico e eles pura e simplesmente deixavam de funcionar.  Raio de limitação tão estranha e tão conveniente.

Foi rapidamente corrigida esta falha mas outras ficaram: o mais flagrante é a própria dificuldade que têm de contornar obstáculos que se metam no seu caminho, sendo fácil escapar de um Dalek, pasmem-se, subindo um degrau. Para seres maléficos com instintos de dominar tudo e todos é uma falha bastante importante. Além disso nem falar conseguem devidamente; tirando o mítico EX-TER-MI-NA-TE e o OBEY falam pouquinho e com dificuldade. Entretanto foram evoluindo, deixaram de depender do chão onde se moviam e conseguiram começar a voar para evitar problemas mas ainda assim não deixam de ser falhas curiosas para inimigos tão temidos, não?

Já para não falar da parte realmente biológica dos Dalek. Estão bem protegidos mas quando vemos o que está lá dentro vemos que são bem mais frágeis, na realidade, do que julgaríamos.

Mas não temos apenas uns amigos de lata com este tipo de problemas. Alguém se lembra da primeira aparição do Cybermen?

 


 

Apresentam-se como um melhoramento à raça humana, substituindo as partes humanas e frágeis e eliminando de vez um dos grandes pontos fracos do ser humano: as emoções. Agora olhemos para eles, os originais: uma meia na cabeça, falam abrindo a boca mas não mexendo os lábios, uns tubos saídos da zona das orelhas a ligar no cimo da cabeça numa espécie de holofote. A arma utilizada era uma qualquer espécie de raio mortífero saído de holofotes enormes que carregavam nas mãos. Uma arma muito pouco ergonómica ou fácil de manusear. Mais uma vez olhando à primeira vista para estes homens de metal parecem mais estranhos do que mortíferos e no entanto ...

Estes dois são os inimigos mais falados, os mais antigos e os que mais vezes aparecem no caminho do Doctor. Mas há muitos outros e também eles com “falhas estruturais”. Os Sontaran são seres guerreiros, em forma de batata com um ponto demasiado fraco na zona da nuca. Dá algum jeito, confessemos, sempre que quisermos meter um Sontaran fora de combate é dar-lhe um calduço.

Acho que do Abzorbaloff nem preciso de falar muito pois não? Um bicho amarelado, muito estranho, que absorve pessoas para dentro de si... Eu sei que não preciso de me alongar – e ainda bem.

 

 

Os Autons fazem os manequins ganhar vida e aterrorizar toda a gente, ainda por cima em época natalícia onde está sempre tudo cheio. Mas por muito aterradora que seja a ideia de ter os manequins a saltarem das montras para me matarem acabam por ter um ar um pouco desengonçado. Não são dos mais “problemáticos” mas ainda assim, aquele Mickey de plástico era muito estranho.

Eu gosto imenso dos Judoon, mais que não seja pela maneira de falar mas sejamos sinceros: quem é que leva rinocerontes antropomórficos a sério? Principalmente quando a fala deles se resume a Mo To Ro Go Ro Mo. Pois …

Para voltar ao estilo de bicho que nos faz olhar para o lado de estranho e semi nojento que é o ar deles: Zygons. São espertos, conseguem enganar o Doctor de várias formas e em várias situações mas olhamos para eles na sua forma original e nem sei bem que pensar. Se bem que nem de longe nem de perto batem o grande defeito dos Slitheen, verdade seja dita. Estar quase a conquistar o mundo e deitar tudo a perder por um ataque de flatulência é qualquer coisa de muito interessante.

 

 

Já a representante da espécie Racnoss que conhecemos tinha todo o potencial para ser absolutamente horrífica e que nem desse qualquer hipótese de dormir sem pesadelos mas depois fala de maneira estranha, é descuidada, soa a artificial, pelo menos a mim foi a sensação que me deu.

Depois há alguns que não me passaria pela cabeça de incluir na lista. Silence, Weeping Angels, Vashta Nerada são seres que olhemos por onde quer que seja são mega estranhos, mega assustadores e não quero, de todo, pensar na hipótese de os conhecer (se bem que posso já ter visto um Silence, não é?).

 

 

Mas depois deste desfile de seres mais ou menos estranhos com os quais estamos habituados a lidar nos vários episódios há uma salvaguarda que temos de fazer: estes seres soam palermas, parecem ter características pouco adequadas a criaturas do mal que tantos problemas trazem ao Universo de uma forma geral mas mesmo com tudo isto associado são criaturas que conseguem ser aterradoras, conseguem ser o foco de momentos arrepiantes da série. Se mesmo com todas estas coisas que nos fazem rir conseguem ser assustadores imaginemos se não as tivessem.