(In)Constantes ao longo de 50 anos

22-02-2015 15:55

Embora estejamos sempre a ser surpreendidos e a encontrar coisas novas esta é uma série que joga, e bem, com a história que tem e como tal chama muitas vezes amigos, ou inimigos, de longa data.

É curioso ver que há caras, ou pelo menos personalidades (se forem Time Lords) que se vão mantendo presentes nos episódios ao longo deste tempo todo. Sejam os Dalek, os Cybermen ou os Autons, seja o Doctor ou o Master, seja a Sarah Jane Smith que foi fazendo visitas esporádicas nem que fosse para dizer olá.

 


 

Mas vamos vendo várias caras do Doctor, vamos conhecendo vários companions, vamos a sítios e tempos onde ainda nunca tínhamos ido, há uma capacidade infinita de inovar! Nunca é uma série que começa a chatear por falta de assunto ou por ser sempre o mesmo: há o Universo e toda a Eternidade para explorar e isso pode dar coisas fantásticas. São 50 anos a vermos exactamente isto, 50 anos em que as novidades não se acabaram e nem estão perto disso. Agora olhando para trás não conseguiremos ver que há coisas que nos acompanham desde o início? Mais ou menos alteradas é certo mas a autenticidade da série mantém-se até aos dias de hoje.

Senão vejamos: a TARDIS aparece em todas as aventuras, com todos os Doctors mas não é, de longe, sempre com a mesma “cara”. Começámos com círculos brancos em estilo de decoração e hoje temos estantes cheias de livros, já para não falar da excursão em formas femininas.

 


 

Mesmo os barulhinhos da TARDIS (até aqueles que já aprendemos serem dos travões, obrigada River!) continuam iguais. Faz sentido, a TARDIS é a mesma, mesmo com todas as mudanças. Mas por muitas peças que se avariem e se troquem, muitas explosões ou chás arramados que possam interferir com os circuitos internos os sons continuam os mesmos, sem nos falhar, para não nos perdermos.

A própria Sonic Screwdriver, mesmo que não venha desde o primeiro Doctor, tem vindo a sofrer alterações e melhoramentos ao longo dos tempos, com a imagem que temos hoje dela a ser completamente diferente da Screwdriver que encontrámos em Fury from the Deep, ainda com Patrick Troughton.

 


 

Mas para mim o genérico é capaz de ser o pormenor que mais gosto nesta coisa de manter ou não algo: as imagens mudam, o logo da série muda, os nomes mudam, tudo muda mas o ritmo e os sons do genérico são iguais ao que eram há tantos anos atrás, em 1963, no primeiro episódio. 

Ver um episódio com o Doctor de Hartnell e depois ver um com o Doctor já em Capaldi mas ouvir os mesmos sons, as mesmas queixas, as mesmas falas dão um nó nalgum lado cá dentro que nos diz que qualquer coisa de muito bem feita está e esteve a ser feita.

É interessante irmos acompanhando a evolução que tudo leva e da mesma maneira que notamos diferenças mais rapidamente numa pessoa que não víamos há muito tempo quando comparado com alguém que vemos todos os dias os fãs mais assíduos às vezes podem ter mais dificuldades em reparar em pequenos detalhes. Ou não, tal é o treino que temos.

O respeito que tem de haver entre tantos criadores, tantos actores, tantas cabeças que já por aqui passaram e deixaram a sua marca... Nada foi apagado, nada foi esquecido. Acabamos por ter sempre referências aos pormenores mais obscuros que só depois de rever e rever é que encontramos. Mas eles estão lá.

No fim disto tudo só há uma coisa que me lembro de dizer (embora só seja verdade às vezes):

 

“Oh. You've redecorated... I don't like it!”

 Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso