Nova companion e novos rumos

01-05-2016 11:22

 

Já está! A nova companion foi anunciada com largos meses de antecedência. A felizarda é Pearl Mackie, uma actriz relativamente desconhecida, mas com boas referências. Os responśaveis da série, receosos que a falta de episódios em 2016 fosse alienar os fãs, decidiu dar-nos que falar. E a festa já começou.

 

A revelação foi feita no intervalo de um jogo de futebol entre o Everton e o Manchester United, e os fãs rapidamente tiveram muito a dizer. A queixa mais óbvia, e mais estapafúrdia, é a de ser uma actriz desconhecida. Nem sei como é que há pessoas de vistas tão curtas. Não só grandes actores se revelaram em Doctor Who, como a série tem uma forte precedência de fazer brilhar actores menos conhecidos.

Além disse, os actores não nascem já conhecidos e com página de fãs no Facebook, certo? Pronto.

Mas também apareceram algumas queixas que eu acho mais razoáveis. Como o facto de ser mais uma companion para a lista, já bastante longa, de raparigas da Terra e da nossa era. Também me queixo disso. Compreendo a escolha, o público precisa de uma personagem com a qual se identificar, no meio das aventuras cósmicas do alien com dois mil anos… Mas conseguem fazer tão melhor. Nunca ninguém se queixou do Mickey, ou do Captain Jack, nem da Donna, e ver Adam ou Craig, ou Rory, foi sempre interessante, mesmo que o primeiro tenha durado pouco tempo, e o segundo nunca tenha sido oficialmente um companion.

 

E mesmo assim, com a excepção de Jack e de River Song, que dificilmente podem ser considerados companions normais, desde que a série regressou em 2005 que não temos pessoas de outras eras ou outros planetas sequer, no papel.

Mas durante os primeiros oito Doctors… Oh meus amigos, desde raparigas ultra-inteligentes vindas do futuro, a highlanders vindos directamente do passado, o conjunto até incluiu um cão robótico, um andróide e duas Timeladies. E normalmente aos pares (ou mais). Claro que sempre houve uma certa tendência para, no fundo, raparigas do século XX, mas pronto, eram mais diversificados.

 

Tenho de concordar com estas críticas. Era bom ver um homem no papel, ou uma personagem mais diferente do habitual. É uma oportunidade perdida, por muito que a escolha de Pearl Mackie seja um bom passo em frente para a inclusão e o combate à discriminação racial.

Mas há algo que me agrada na escolha, depois de ter pensado um pouco sobre o assunto. Desde a regeneração de Smith para Capaldi que a postura do Doctor tem vindo a mudar de tio excêntrico e fixe para… bem, avô excêntrico. E esta companion parece jogar perfeitamente com essa faceta do Doctor, não só avô como professor.

O que me leva de imediato a pensar em Sylvester McCoy, cujo Seventh Doctor sempre foi chamado de Professor pela sua companion, Ace. E isso agrada-me. O Seventh Doctor é um dos Doctors dos quais nunca vi nenhum episódio, mas que me enche as medidas logo à partida. E o Twelfth Doctor, em constante mutação desde que apareceu pela primeira vez, tem-se revelado uma das encarnações mais interessantes, com uma personalidade versátil e um temperamento complicado. Pensar que na próxima temporada ele se pode aproximar do seu antecessor… Um tipo pode sonhar.

 

Como estão a ver, uma nova companion também pode significar mais ou menos um novo Doctor, mesmo que o actor se mantenha. Pearl Mackie não teria, definitivamente, sido a minha primeira escolha, mas não se me afigura inteiramente uma má escolha, pelo menos por agora. É esperar para ver!

 
 

Artigo da autoria de Rui Bastos, membro da equipa Whoniverso