O que vem a seguir?

Acabados de sair do mês do décimo aniversário das novas temporadas da série, está na altura de pensar sobre o futuro. Como vão ser os próximos tempos em Doctor Who? Mais especificamente, como vai ser a nona temporada?

Eu cá acho que vai ser espectacular. Moffat voltou finalmente a render-se aos two-parters, com os primeiros dois episódios a serem uma história, os dois seguintes a serem outra, e os dois seguintes com nomes que indicam que talvez sejam outra. Ou seja, até chegarmos a meio da temporada temos pelo menos dois, com possibilidades de três!

E se querem que vos diga, eu acho que o Moffat até era homem para fazer só two-parters. Quão grandioso seria isso? Sinceramente, depende muito dos argumentos e da forma como os episódios forem feitos, mas o potencial para algo grandioso está lá.

As notícias também têm sido boas. O regresso de Missy, logo nos primeiros episódios, já era mais do que suficiente (e expectável, embora não tão cedo!), mas a recente novidade de que Maisie Williams, a Arya de Game of Thrones, vai aparecer num episódio... Sim senhor! Prefiro a notícia da Missy, mas jovem actriz de Game of Thrones pode dar o programa a conhecer a um público extremamente alargado. O que é sempre bom!

Depois há também a notícia de que um dos episódios vai ser escrito por Catherine Tregenna, o que marca a primeira vez que uma mulher escreve para o programa desde 2008. Óptimas notícias, ainda por cima tendo em conta que Tregenna escreveu quatro episódios para duas temporadas de Torchwood.

Tem que se falar também do facto de Neil Gaiman já ter avançando que não vai escrever nada para esta temporada, mas que quer escrever um episódio do Capaldi, assim como é preciso mencionar que o próprio Peter Jackson disse que as conversas sobre ele fazer um episódio se estavam a tornar sérias.

Mas então e narrativamente falando? Como é que a história vai evoluir? Tenho as minhas teorias. E as minhas dúvidas, como Gallifrey. Que o planeta dos Timelords voltou e está escondido algures, está bem claro. Que o Doctor tenciona encontrá-lo para lá voltar, também já se percebeu. Que Missy sabe alguma coisa sobre isso, também se pode suspeitar. O que é que isto tudo significa é que é mais complicado.

O pior é que eu próprio não sei o que gostava de ver. Se por um lado gostava de novas aventuras em Gallifrey, ou mais Timelords metidos ao barulho como aliados e vilões, por outro tenho algum receio do que é isso pode trazer para o programa. Estamos a falar de um programa que recomeçou à dez anos exactamente a partir da premissa de que Gallifrey tinha sido destruída. Grande parte da personalidade do Ninth, Tenth e Eleventh Doctors foi construída a partir dessa idea, assim como todo o War Doctor.

Uma das consequências directas do regresso de Gallifrey, durante o The Day of the Doctor, foi o nascimento de duas facções entre os fãs: aquela que acha que Gallifrey já devia ter regressado em pleno e que o Moffat devia sair por ainda não o ter feito, e aquela que acha que Gallifrey nunca devia regressar e que o Moffat devia sair por já o ter começado a fazer.

Percebo ambos os lados, mas também discordo de ambos os lados. A Time War e consequente perda de Gallifrey foi realmente um ponto muito importante na personalidade de pelo menos quatro Doctors, e é realmente bastante arriscado trazer o planeta de volta: os Timelords são seres quase omnipotentes, enquanto raça, e ou são altamente constrangidos ou tornam-se numa problema para os argumentistas.

Mas quer dizer... Nem oito nem oitenta. As personagens têm direito a evoluir, e isso inclui o Doctor. Por muito que seja o mesmo de uma regeneração para a outra, vai mudando qualquer coisa, e cada encarnação fica conhecida como uma entidade separada. A Time War foi algo em comum durante, tecnicamente, cinco Doctors (do Eighth ao Eleventh) e até vimos todos a aparecer na conclusão da batalha, mas e então? Sou da opinião que uma das poucas coisas que o Moffat fez mesmo, mesmo bem, foi a introdução de Gallifrey.

Andou a construir a coisa desde o primeiro episódio de Matt Smith, deu um grande salto em frente em The Day of the Doctor, com uma reacção fantástica do Eleventh Doctor, e deu uma conclusão temporária ao assunto com o regresso de Missy, em Dark Water/Death in Heaven, e a sua mentira que deixa o Doctor bastante frustrado por não encontrar Gallifrey.

Já para não falar da breve visita feita a um jovem Doctor, provavelmente em Gallifrey, durante os acontecimentos de Listen. O assunto está a ser tratado de forma subtil, mas está a ser tratado e acho que mais cedo ou mais tarde vai fazer todo o sentido incluir novamente os Timelords, de alguma forma. E acredito que Moffat (ou quem quer que seja) o vá fazer de forma bastante satisfatória.

Não sei é se o faz já nesta temporada. Aliás, não faço a mínima do que vai acontecer esta temporada. Por aquilo que já se sabe, promete, e parece que todos os dias saem notícias novas de declarações interessantes de Peter Capaldi, de Jenna Coleman, do próprio Steven Moffat, enfim, informação, pelo menos, existe aos pontapés.

Há muita coisa para fazer, e acho que pelo menos a temporada vai ser ainda mais negra. Missy pode agora ser uma vilã mais activa, e se Clara vai ter de lidar com a morte de Danny Pink, o Doctor vai ter de lidar com a ausência de Gallifrey. Tudo isto depois da temporada mais negra e agressiva desde o regresso da série!

E não é tudo! Será que vai ser a última temporada de Capaldi? Duvido. A recepção está a ser boa, o Twelfth Doctor ainda tem muito para explorar, e o próprio Capaldi parece mais do que satisfeito no papel. Mas de Coleman? Isso talvez. A Clara já teve mais do que uma oportunidade em que podia ter saído em grande, mas continua por lá. Acho que está na altura, e muitos dos fãs acham o mesmo.

É claro que tudo depende do resto das novidades – ainda há muita coisa que não se sabe – e só vamos ter a certeza do que vai acontecer quando a temporada começar. Até lá, esperamos.

Artigo da autoria de Rui Bastos, membro da equipa Whoniverso