Outros Doctors

01-06-2015 22:58

Habituados como estamos a ver várias caras para a mesma personagem, já pouca coisa nos choca a esse nível. Mas o que muita gente talvez não tenha noção, é da quantidade de versões alternativas do Doctor que existem.

 

Não falo apenas do papel desempenhado por David Morrissey, em The Next Doctor, ou o clone meio-Doctor-meio-Donna do Tenth Doctor, e muito menos do ganger do Eleventh Doctor (embora o ache o mais interessante desses três).


Verdade seja dita, ainda há algumas versões interessantes de que podia falar e que até andam mais ou menos na cabeça das pessoas, nos últimos tempos. Por exemplo, o Valeyard, que enfrentou o Sixth Doctor durante o seu julgamento, e que se revelou como uma versão do Doctor com tudo o que este tem de mau e negro.



Este Valeyard foi mencionado em The Name of the Doctor, e desde aí que muito se especula sobre a sua aparição na série. Seria de facto interessante, que a personagem tem um potencial enorme. Mas seria difícil de gerir e, pior ainda, de respeitar o canon.


Mais difícil ainda de explicar são as caras que aparecem em The Brain of Morbius, numa luta mental entre o Fourth Doctor e o vilão da história. A primeira teoria é que seriam encarnações passadas do Doctor que nós não conhecíamos, mas começaram depois a serem vistas como caras de outros Timelords, e até do próprio Morbius. Só que, pelo menos recentemente, especulava-se que deviam ser caras de encarnações futuras que estavam (muito) por explicar.


A verdade é que foi apenas um easter egg engraçado que permitiu a alguns elementos da produção aparecerem num episódio.



Há outras versões, no entanto, que são ligeiramente mais problemáticas. As peças áudio têm várias encarnações, versões e afins, algumas que nem sequer são devidamente identificadas – são apenas o Doctor. Nos livros, idem.
 

Mas é na televisão que a coisa começa a ficar engraçada. Primeiro há o caso de Richard Hurndall, que substitui Hartnell em The Five Doctors, uma vez que este já tinha falecido. Mais recentemente, e com bastante mais sucesso, o caso de David Bradley também é curioso, ao interpretar Hartnell a interpretar o First Doctor, para o documentário dramatizado An Adventure in Space and Time. Este sim foi um substituto perfeito, de tal forma que depois de o ver só conseguia pensar “Façam mais episódios com o First Doctor! Arranjem cameos ao Bradley! Isto é perfeito!”.
 


 

E ainda assim há uma versão do Doctor na qual ainda tenho mais interesse. O First Doctor de Bradley é demasiado perfeito, é verdade, mas o Doctor de Peter Cushing pode ser algo muito interessante, de tão meta. Parece que a certa altura, o Moffat quis que os cartazes dos filmes de Cushing baseados em Doctor Who (que Bernard Cribbins, o Wilfred!, interpreta o companion) aparecessem na série, para os estabelecer como canon, mas como filmes baseados no Doctor.
 

Foi uma ideia genial, daquelas poucas vindas daquela cabeça que tive pena de não se concretizar.
 


 

Tenho é que dar a mão à palmatória e reconhecer outra coisa: Steven Moffat escreveu algo brilhante relacionado com Doctor Who: uma paródia para o Comic Relief britânico, que incluiu uma rápida sucessão de regenerações e versões alternativas: Rowan Atkinson, Richard E. Grant, Jim Broadbent, Hugh Grant e Joanna Lumley, como o Ninth, o Tenth, o Eleventh, o Twelfth e a Thirteenth Doctors.
 

Chama-se The Curse of Fatal Death e é tão engraçado que dói. E a melhor parte? Um Richard E. Grant a fazer de Tenth Doctor, e mais tarde a fazer de Ninth Doctor na animação Scream of the Shalka, e mais tarde ainda a aparecer como vilão em três episódios em que confronta o Eleventh Doctor de Matt Smith.
 


 

Um plantel enorme de Doctors, portanto, como se os oficiais não fossem mais do que suficientes. E isto sem sequer falar das várias versões que aparecem nesta e naquela série ou programa, como os Simpsons. Se formos por aí a quantidade cresce de forma exponencial, sem sombra de dúvida! Mas estes que vos apresentei já são mais do que suficientes para despertar a curiosidade. Espero ter conseguido e que agora sintam vontade de os pesquisar. Vale a pena!

 

Artigo da autoria de Rui Bastos, membro da equipa Whoniverso