Quando Doctor Who não consegue limitar-se ao seu episódio

08-03-2015 18:46

Doctor Who está um pouco por todo o lado. Claro que onde existe uma imensa cultura sobre esta série é na sua terra natal, por Terras de Sua Majestade, mas aos poucos espalhou-se e hoje é um fenómeno mundial.

Embora sabendo que a maior parte do tempo de antena da série é das temporadas antigas nos tempos correntes os grandes fãs e os grandes impulsionadores de DW é a série nova que reina. Mais divulgação, maior facilidade de chegar a todo o mundo num estalar de dedos e sem dúvida a lembrança de muita gente mais velha que chegou a ver episódios há já uns aninhos fazem com que a dimensão atingida tenha valores respeitáveis.

Depois de dez anos de DW com nova equipa, novo Doctor, novos companions, a presença desta série noutros meios de entretenimento de hoje é imensa. De certeza que whovians mais atentos a outras séries e filmes têm descoberto pequenas referências que nos lembram qualquer coisa.

 

 

O exemplo mais recente que apanhei foi no filme The Theory of Everything. Não foi só uma, foram várias, e de cada vez senti-me mais quentinha por ver que também Stephen Hawking é um fã de DW, como qualquer bom Britânico. Seja com este grande Sr. a fazer de Dalek ou com a pequena introdução de “In 1963 I met the Doctor … ” não dá para passar despercebido.

Se queremos um exemplo mais flagrante e esperado podemos falar da série que reúne o mundo geek num só ecrã: The Big Bang Theory. Aí qualquer fandom pode apanhar milhentas referências, seja de séries, livros, filmes ou outra coisa qualquer. Se é geek ou possivelmente geek está lá. Eu ao ver aquela série já ando sempre em busca  de referências, olhar para os cantinhos mais recônditos a ver se não há um peluche de um Dalek, uma camisola de Cyberman ou um Sonic Screwdriver perdida.

 

 

E as aparições já foram várias. Desde o nome de Matt Smith para a Sheldon-Con que se estava a formar, uma festa de Halloween com uma TARDIS ou a mítica conversa com o Prof. Proton sobre a perda de alguém ao que Sheldon apenas responde “I've already had to say goodbye to eleven Doctor Whos”. Também nós, Sheldon, também nós.

As aparições em Simpsons e Futurama são mais do que muitas, Phineas e Ferb também já estiveram na TARDIS mas tenho um carinho especial por Rugrats. Não sei se lembraram de uns desenhos animados com bebés de fralda em grandes aventuras. Pois que também eles tinham Daleks a passear por lá e uma Screwdriver que abriam tudo. Sónica ou não já não sei.

 

 

Até a ver séries menos ligadas a estas coisas acaba por haver um geek, já me surpreendi em Doctor House, em NCIS, em Castle. No funco são pequenos pormenores que de certeza que vão agradar a bastante gente que vê DW. Mas nada bate o Mr. Bean num episódio de Natal quando agarra num Dalek para EXTERMINATE uma pequena ovelha do presépio. 

Mas é engraçado de ver que actores de DW às vezes acabam por levar um bocadinho deste universo para novos trabalhos. Veja-se o caso de David Tennant que em Gracepoint também já recebeu recados telefónicos de três nomes que são capazes de nos dizer alguma coisa: D. Noble? R. Tyler? Martha Jones? Talvez reconheçamos de algum lado, digo eu.

 

 

Doctor Who foi um fenómeno a partir de 1963 e cresceu imenso durante o tempo em que esteve no ar. Mesmo com pausas foi sempre mantendo um público fiel. O factor essencial para que esta série não se tenha perdido e que agora corra as bocas do mundo é sem dúvida nenhuma a equipa que agarrou novamente nisto. Russel T. Davies e Julie Gardner com a cara de Christopher Eccleston a representar o regresso.

 

 

Os Doctors seguintes dizem repetidamente e com toda a razão: se Eccleston não fosse o actor estupendo que é a série não tinha avançado. Foi esse grande actor que conquistou novos fãs e reconquistou antigos. Um Doctor mais negro, mais sério e rígido do que era habitual mas no contexto da história do Doctor e com a representação brilhante deste “primeiro” Doctor o público ficou. E cá continua.

David Tennant trouxe um Doctor muito mais alegre e brincalhão. Os momentos negros não desapareceram mas o lado mais palerma atraiu ainda mais pessoas, coisa que se propagou até Matt Smith, esse sim com muito pouco do Doctor mais áspero e uma completa criança dentro dele, mais mexido e sorridente.

 

 

Agora com Capaldi não voltámos ao estilo de Eccleston mas apanhámos um Doctor indeciso, confuso mas que acaba por manter aquela aura misteriosa sobre o que quer que seja que faça. O inesperado desta série é uma constante e Peter Capaldi sem dúvida que não o esquece.

A comunidade whovian cresceu por todos estes motivos e claro que DW faz parte da vida de muita gente. É perfeitamente normal que comece a ter uma maior relevância na indústria do entretenimento. Nós continuaremos à espera dos novos episódios da nossa série mas até lá vamo-nos divertindo com o que aparece nas outras.