Revisões? Se calhar não!

27-04-2015 14:38

De alguma forma entrámos em contacto com Doctor Who. Por algum motivo começámos a ver e afeiçoámo-nos à coisa. Fosse pelos rivais estranhos e curiosos, fosse pelos companions, fosse pela história ou fosse pelo próprio Doctor, o certo é que ficámos ligados a esta série e daí já não há volta a dar.

Vimos os episódios: apaixonámo-nos pelo Eccleston, sofremos com a perda, voltámos a ganhar um ânimo reforçado com o Tennant, chorámos com a Rose, tivemos pena da Martha, rimos e gritámos com a Donna, voltámos à perda, deliciámo-nos com Fish fingers and Custard, vimos quem era e o que significava a River, vimos uma amizade como há poucas com o Rory e a Amy, acarinhámos a Clara e vimo-la sofrer connosco quando um escocês rabujento nos apareceu à frente.

 

 

Já passámos por tanto “juntos”. Nós e o Doctor. Nós e os companions. Nós e os whovians que andam à nossa volta. Há tanta coisa que gostamos de lembrar, tantos episódios a comentar e pormenores a reparar. Doctor Who entranha-se de uma maneira mais profunda do que nos apercebemos a início.

E quantos de nós é que não começaram a alargar o número de whovians? Mais que não seja para termos alguém com quem falar destas coisas. Eu sei que eu já o fiz, e vou continuando a tentar mesmo não tendo grande sorte em grande parte das vezes. Ainda assim é sempre engraçado quando trazemos mais uma pessoa para o “Dark Side of Gallifrey”!

 

 

Podemos fasciná-los com as vistas maravilhosas do início e fim do mundo, com as personagens maravilhosamente construídas, com a história de mais de 50 anos que isto já tem, há de tudo um pouco, o que com jeitinho dá para cativar quase toda a gente.

Nós sabemos o que vai acontecer, podemos guiá-los, podemos picá-los – ligeiramente – e podemos acima de tudo falar um pouco sobre as coisas e ver novas perspectivas, afinal nem sempre se vê a TARDIS como sendo Bigger on the inside!

 

 

Agora isto tem prós e contras, nem tudo são rosas (insira-se um trocadilho falhado com Rose, pode ser?).

Porquê? Porque nós agora estamos à espera. Até Agosto/Setembro não há nada para ninguém. E aguentar até lá? É tudo muito engraçado mas um whovian tem necessidades que não podem estar à espera durante tantos meses seguidos. Chegamos a um ponto em que pensamos em voltar a ver episódios e o que é que acontece? As personagens que uma vez nos foram novas agora são amigos. Quando vimos aquele momento em específico, pela primeira vez, não sabíamos o que ia acontecer, não sabíamos bem quem era aquela pessoa, não sabíamos que consequências teria tudo aquilo. E agora? Agora que conhecemos tudo o que há a conhecer?

 

 

Há episódios que quando os vi não me disseram muito, ou melhor, ri-me, gostei, achei que estavam bem feitos e vi que ali começava ou acabava qualquer coisa mas só o que veio depois me fez ver o quanto aquilo simbolizava. Agora vê-los de novo é completamente diferente!

Ver o Silence in the Library é terrível: agora, depois de saber quem é a River, depois de saber toda a história, tudo o que ambos sofrem? É demasiado pesado pensar no que sentirá uma pessoa na pele dela. Nem imaginar é bom. Ver o Journey's End é ainda pior. Há tanta coisa a acontecer, tanta coisa a acabar, tanta mudança junta num só pedaço de tempo. É muita coisa para processar e muitos sentimentos para acalmar. Wedding of River Song? O discurso dela? A confusão imperdível do Rory? O momento do “You may kiss the bride”, “I'll make it a good one”, “You better!”?

 

 

Isto tudo junto é mais especial, apanhamos mais pormenores, reparamos em coisas que só nos mostram o quantos pormenores vamos perdendo regularmente a cada episódio de Doctor Who, por muita atenção que tenhamos durante os 50 minutos que sejam. Depois de conhecermos princípio, meio e fim é difícil levar as coisas da mesma maneira.

Claro que isto não funciona só para o lado mau, voltar a ver os episódios da Donna voltam a lembrar-me o quanto me ri, e rirei sempre que vir aquelas situações. Falar em cima das falas do episódio, repetir uma cena para repararmos melhor num pormenor, seja visual ou seja para decorarmos aquilo que está a ser dito.

 

 

Rever episódios é quase um trabalho de análise profunda: conhecemos a superfície e isso já não nos chega, queremos mais, queremos mais um pouco de informação e mais pormenores que possam ter passado às outras pessoas e que nos possam dizer qualquer coisa de novo.

É desgastante mas sabe tão bem. Eu pessoalmente vou apanhando pormenores que nunca na vida teria reparado (porque são coisas pequenas que acabam por cair no esquecimento e só passado um bom bocado, noutro momento mais marcante, é que se faz a associação), vou decorando falas, vou redescobrindo personagens que já não acompanhamos mas que foram tão boas para a série.

Eu sei que um dia reverei a série nova toda – quando acabar a antiga, provavelmente – mas até lá tiro assim uns pedacinhos para ver um ou outro episódio que gosto e que sabe sempre bem de ver.

Acho que não sou a única, certo?