Temporada 9 - Overview

21-12-2015 01:30

Chega aquela altura em que não sabemos se havemos de estar contentes porque vimos mais um temporada e daqui a nada temos o especial de Natal, ou se havemos de nos lembrar que só daqui a um ano é que temos mais episódios e portanto ficamos a maldizer a BBC, o Moffat e todos quantos encontremos no caminho até mais episódios.

Mas acabada esta temporada 9 o que é que ficou? O que há de novo? Como foi a temporada?

Sinceramente, para mim, foi bem, mas bem melhor do que a oitava. Primeiro: pensaram um bocadinho mais além e viram soluções simples para cativar o público. Episódios duplos acabam por dar deixar aquele suspense de uma semana para a outra que faz toda a diferença no interesse de quem vê. Claro que pode dar asneira, vejamos o caso do que fizeram no fim da temporada anterior em que Dark Water deixou-nos nos píncaros à espera de mais, e depois Death in Heaven não acompanhou o nível do primeiro, e funcionando como um todo acabou por ser um final mediano.

Mas aqui aguentaram-se bem. Numa perspectiva geral a temporada foi bastante boa, com episódios muito fortes e até alguns dos melhores episódios que já vi em Doctor Who. Fazer só a ressalva que estes elogios todos não é para dizer que gostei de tudo, antes pelo contrário, tenho muitas queixas a fazer.

Mas façamos uma revisão dos episódios desta temporada.

The Magician's Apprentice

Primeiro episódio, saudades ao rubro, ainda um primeiro choque do reencontro com o Doctor e desta nova realidade, que já era conhecida à partida, de que os episódios vinham quase todos divididos em dois, e isso, queiramos ou não, acaba sempre por ter interferência no que estamos a ver.

Mas sejamos sinceros: A temporada 9 começa em grande. Missy e Clara juntas – e pronto, juntar uma personagem perfeita com a Clara que já tinha muita gente com vontade de a ver pelas costas, foi um golpe de génio! E mais, o Doctor entra a matar, óculos escuros, em cima de um tanque a entrar numa arena enquanto toca guitarra eléctrica… Isto assim vale a pena!

The Witch's Familiar

Se no primeiro episódio entraram em força com a espectacularidade do Doctor aqui a fórmula foi outra: a Clara pendurada de cabeça para baixo enquanto a Missy se vangloria de ter um pau. É estranho, pois é, mas trocar o espectáculo do Doctor pela diversão da Missy não é mau negócio.

E estamos em Skaro, voltamos à terra dos Dalek, com uma armadilha especial de Davros para o Doctor e mais uma oportunidade de vermos a Missy a ser brilhante – prender a Clara dentro de um Dalek foi muito bom, mau e tal, mas muito bem pensado.

Under the Lake

E se há quem se queixe de que voltamos sempre aos Dalek e aos Cybermen – coisa que nem entendo que seja má, mas pior é que nem sequer é verdade – Doctor Who tem aqui a componente didática de mostrar que afinal os fantasmas existem.

Before the Flood

Em continuação do que já tínhamos visto em Under the Lake precisávamos de tirar a limpo quem é que está morto, quem é que está vivo, o que é que se passa e de onde vêm aqueles fantasmas todos. O episódio é misterioso, com a tripulação envolvida a ter personagens bastante interessantes e, claro, monstros de arrepiar a espinha.

The Girl Who Died

Aqui abriram-se as portas a mais uma daquelas personagens que por um lado nos andava a saltitar nas ideias para saber quem era – malditos teasers – e que por outro lado passamos a acompanhar com alguma regularidade, qual discípula de Jack Harkness. Ashildr aparece-nos como uma menina especial de uma aldeia Viking e qual não é o nosso espanto quando o Doctor não só a salva mas a torna imortal. Há moças com sorte, ou não.

The Woman Who Lived

Claro que numa temporada recheada de episódios aos pares este não falhou à regra. Se em The Girl Who Died temos uma jovem, pequena e frágil, aqui conhecemos uma nova versão da mesma pessoa, com uns aninhos a mais e uma maneira de ver a vida já muito longe de uma menina. O episódio não é dos que marcam, não traz muito mais de novo do que a evolução desta nova personagem.

The Zygon Invasion

É inevitável que a Osgood se tornou uma personagem muito querida pelo público, seja porque nos revemos nela, seja mesmo pela força e interesse intrínsecos a ela. De qualquer das formas a Missy tinha arranjado maneira de nos deixar confusos mas aqui retomamos a sua maravilhosa presença – agora em par. Mais a mais temos Zygons por todo o lado, sem sabermos muito bem quem é quem. O episódio tem uma dose a mais de inconsistências – a Clara mandar mensagem ao Doctor enquanto Zygon foi só palerma – mas de resto o episódio foi bem agradável.

The Zygon Inversion

E porque se temos duas Osgood porque não aproveitá-las? Zygons e humanos com o Doctor pelo meio a ver se evita que se matem uns aos outros. Duas Osgood, duas caixas, duas Claras. O episódio acaba por ser bem construido, e com Osgoods, Kate e Doctor pelo meio a coisa não podia correr muito mal.

Sleep No More

A parte do No More do título deixa-nos logo a pensar em Gallifrey Stands – pelo menos a mim já não consigo escapar – mas neste episódio temos um conceito tão simples quanto: as pessoas podem trocar cinco minutos de sono por um mês de vigília. O mal é que afinal há contrapartidas. Este episódio foi interessante – muito em tons de Gaiman - mas teve várias falhas de coerência e pior: o fim é extremamente confuso, fiquei sem saber muito bem o que se passou ou não.

Face the Raven

Finalmente chegamos ao ponto que muitos esperavam: a morte da Clara. Com Ashildr pelo meio e uma contagem decrescente que teima em não parar até conseguem dar um fim decente à Clara, num episódio original e com ares de Diagon Alley que chamaram o meu lado Potterhead ao de cima. Pena que depois estraguem esta morte tão jeitosinha, mas já lá chegamos.

Heaven Sent

Este para mim foi dos melhores episódios que já vai em Doctor Who. Um cenário diferente, uma situação nova e um episódio que ficou um miminho para qualquer fã. Ver a reacção do Doctor em modo Sherlock (eheh Moffat) no que lhe está a aparecer à frente é muito bom, ir raciocinando aos poucos, recolhendo informação num lugar que claramente se adapta aos movimentos que ele faz, está um episódio estupidamente bom. Mais a mais, se alguém ainda tinha alguma dúvida da capacidade de representação de Peter Capaldi isso teve de ser dissipado por inteiro. E se resquícios de Doctors antigos ainda pairassem também houve aqui a prova final, suprema do valor deste senhor.

Hell Bent

Neste episódio tive fortes problemas. Então voltamos a Gallifrey e desperdiçamos assim à toa por causa da Clara? Mas somos parvos, ou quê? Gallifrey!

Aquele sítio que tinha sido destruído mas afinal não? Aquele planeta que desde que temos Capaldi andamos atrás? E manda-se tudo para o galheiro assim por causa da Clara? Não! É que é um plano falhado desde o início, e não me venham com coisas, houve já gente mais importante a partir. E imaginem: não se fez este circo todo! Pior, a morte que lhe tinham arranjado até estava bem feita. É inconsistente, mas enfim. “Ah, mas abre hipótese de voltarem e/ou de se fazer um Spin Off”, sinceramente gostava mais que não o fizessem, a história estava bem tratada como estava, abrir de propósito pontas no novelo gigante que é Doctor Who acho que é completamente desnecessário.

 

Resumindo: eu gostei da temporada, houve dois ou três episódios que não foram fascinantes e não trouxeram muito de novo, mas houve outros em que se esmeraram e saíram verdadeiras obras primas. Tive imensa pena do fim, depois de terem tudo tão bem lançado foi um conjunto de desperdícios enormes aquele último episódio.

Mas bem, não nos falta muito para o Natal – aliás são só faltam 5 dias! - e de certeza que não sou a única a gostar mais do Natal pelo episódio de Doctor Who do que pelas luzes e prendas e tal.

Ainda por cima já temos título e teaser e imagens com a River a ser maravilhosa e com o Doctor completamente derretido só com a presença dela.

As expectativas estão bem altas, vou continuar a acreditar que este episódio vai ser espectacular. Mas daqui a uns dias já falamos sobre isso!

 

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso