Um Doctor vai e outro vem. Mas como?

18-01-2015 16:22

Com a temporada temática que acabámos de passar – de Natal, para os mais esquecidos – e consequentes artigos que fizeram o apanhado de como foram os especiais até ao deste ano, Last Chrismas, tive de rever 10 episódios de Doctor Who.

Nunca é um sofrimento, antes pelo contrário, é sempre um prazer mas ver episódios mais antigos faz-me sempre apanhar mais algum pormenor, ver para além do que vi da primeira vez. E isso é muito interessante. Coisas que apareceram no passado e nem nos demos conta, frases que  conhecemos de uma personagem e afinal vêm de outra, pormenores afins que são sempre divertidos de perceber.

 

 

Mas o que realmente me leva a este discurso todo é apenas e só o próprio Doctor. Das temporadas novas – as que conheço melhor e as que apanham os especiais de Natal – já contamos com 5 Doctors, todos bastante diferentes e ainda assim todos com um cantinho especial no coração dos whovians.

Infelizmente e como já foi referido num artigo anterior, não temos o prazer de ver um especial com Christopher Eccleston, tinha acabado de sair quando saiu o primeiro especial mas podemos acmpanhar tanto David Tennant como Matt Smith só por estes especiais. De ano para ano notava-se uma evolução na própria personagem e se nós notamos com mais dificuldade enquanto os acompanhamos semanalmente ver episódios isolados com um ano de distância já se nota claramente.

E soube tão bem voltar a ver um estranho, divertido e sempre cheio de estilo Tenth Doctor. Ou o adorável destrambelhado Eleventh. E foi ao ver estes episódios que me apercebi de algo que ainda não estava ciente: embora Peter Capaldi esteja a ser um Doctor brilhante não conseguiu cativar-me tanto quanto estes três anteriores.

 

 

O Eccleston foi o meu primeiro Doctor e inevitavelmente tenho um carinho enorme e venero-o. Desde o primeiro episódio com o mítico “Nice to meet you Rose Tyler. Run for your life!” que eu sabia que aquela série era coisa para mim.

O Tennant foi um Doctor que eu estava mesmo à espera, que conhecia de vista, que sabia ser o Barty Crouch Jr. De Harry Potter, que sabia quase instantaneamente que ia gostar. E o estilo dele não deixa margem para dúvidas. Consegue ser dos mais divertidos e ao mesmo tempo negro, óptima performance do actor para delírio dos fãs.

 

 

Já o Smith era o Doctor no activo quando comecei a ver. Já conhecia o estilo embora não soubesse ao certo como seria. Aliás, as minhas perspectivas iniciais diziam-me que dos três seria o que ia gostar menos e verdade seja dita: não consigo fazer um pódio para estes senhores. Todos são demasiado bons para escolher um em detrimento de outro.

No caso do Capaldi tudo é diferente e não sei se é por isso que sinto estas reticências. Foi uma luta esperar pelo anúncio do novo Doctor, vi em directo que nem adolescente histérica e depois dos rumores todos à volta do senhor já não foi grande surpresa. Não sei se foi por começar completamente do zero, sem qualquer background a que me pudesse agarrar mas não acredito, com o Eccleston também ia às cegas e conquistou-me rapidamente.

Então qual é o meu problema com este Doctor? Um Doctor que acho genial, que é mais livros e ciência como eu gosto (basta ver as remodelações na TARDIS) e ainda assim não consigo ter a mesma empatia que tive com os restantes. A resposta é simples: não sei! Ainda só se passou uma temporada e uma com momentos altos e baixos, com muita gente a pedir a reforma da Clara e do Moffat. Será isso que falta? Argumento para mostrar quão bom Peter Capaldi é? E sim, acho que é mais por aqui. As histórias são mais aleatórias como no tempo do Ninth mas a evolução da Clara desapontou-me imenso. Houve histórias muito boas mas o último episódio da temporada deixou-me os cabelos em pé.

 

 

E no meio de tudo isto sinto um Doctor perdido, que não sabe quem é, o que quer ou precisa. Acho que é mesmo essa indecisão que passa para o lado de cá do ecrã. Se nem ele sabe como hei de saber eu?

Certo é que as revoluções que tudo pode levar são muitas e numa série com mais de 50 anos e que está aqui para durar muita coisa ainda vai acontecer, de certeza. É esperar, ter paciência. O Doctor nunca nos falha, é a única certeza que podemos ter.

Artigo da autoria de Júlia Pinheiro, membro da equipa Whoniverso